quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Seco Seco. Como deve ser.







Olhei para cima.

Olhei para o lado.

Já tinha parado de arder, podia respirar.

Mas veio outra onda, e outra, e outra.

Voltou a arder, a água, o sal, o ar.


Até fui levada para a praia.

Quando cheguei lá, percebi que tanto tempo havia passado que a única coisa que eu sabia fazer era nadar.

Estava segura, mas precisava voltar.


Colocava um pé e tentava entrar.

Caixote na cabeça.

Tinha que voltar a areia.


Daí olhei pra cima. O céu estava meio cinza.

Daí olhei de novo, e continuava cinza.

E ele continua cinza, ás vezes chove. Mas eu fujo da água.

A gente já tem 70% disso no corpo, e sempre precisamos de mais.



E eu entendi, que não me deixar ser 100% de água era não me afogar.

Não era por medo.

Não era comodismo.

Não era desespero.

É o que eu tinha que fazer, o que eu podia, o que eu dava conta.

Quem pode dizer que minha luta não foi genuína?



Fiz meu travesseiro de areia da praia.

É frio.

É desconfortável.

Mas é seguro, é meu.

E vai ficando como sou, sabe-se lá onde vai dar.



Algúém deveria perceber que os 100% são meu máximo sinal de solidão.

Nunca serão de ninguém.

Nem mesmo dos maremotos assassinos de qualquer mar ....

Te encher aos 100% seria te afogar, e isso eu não suportaria.




E no mais?

É isso.

Tá tranquilo.

E fim.







Laís Castro





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