terça-feira, 19 de março de 2013

E em um dia que não importa o céu.
Você está deitado no meu colo.
Com os olhinhos sorridentes de homem, como daquele cara. E eu enrolo cada mecha porque sei onde coloca-las.

Sei então entrar na tua casa e repintar os sótãos.
 Abrir as janelas. NÃO.
Tento trabalhar com as cortinas, ecerar o chão (ainda se faz isso?).
Varro com vassoura de piaçava pelo gosto do Blasé.

Não gosto de café, mas te faço litros.
Gosto do cheiro teu quando encontra a xícara.

Aí deita, para enrolarmos mechas, olhos e lençóis.
 Acaba com tudo.
 Quem se importa?
Pano se lava, sexo não.


Dos meus segundos de paz suprema, abro os olhos.
E continua não me importar o céu.

Mas nunca estás no meu colo.
Está ao meu lado.
Com uma mão procura uma chave.
Inútil.
Ela está no meu bolso. Enquanto eu remexo a fechadura do portão.
E lá, de mãos dadas, olhando para os lados ...
 Quem quer entrar? Quem quer atravessar?

A solidão é tão autodidata.
O amor tão disléxico.
E sempre nos restam 24 horas.






Laís Castro