sexta-feira, 2 de maio de 2014

uma badalada para a meia noite

Fomos aquela história descrita nos entremeios.
Eu adorava mais que o amor podia por si só
 Acreditava na completude, em amplitude, acreditava que podia haver o grande, o tudo e o nada.
 E nessa maravilha de sorte, eu estava ali.
Até aos olhos do descrente que sou, eu vi
As notas tortas de um sinfonia de cachorro, pouco audível
 me fizeram uivar para a lua que nos banhava pelas madrugadas
 como quem desfia a noite a mostrar seu potencial de escuridão
 porque juntas não percebíamos nada que pudesse cegar.

 Nesse momento fomos vítimas da maior das armadilhas do amor
 a mais antiga, a mais temida porque se torna parte do tronco,
por passar seiva, água, cochonilha e formiguinha
deixando e marcando um tronco ao fato que cada árvore tem sua terra.

Cada planta tem um porto e se as folhas procuram, as raízes só se ficam.
Desdenhando do deserto reparei que aqui o clima é mais esperto
 com todo sol e céu azul nem assim o inverno se faz quente, nem nós.

De duas forças absurdas de mulheres inflamadas pela vida, pelo amor, pela dor, pela luta
e reconfortadas na esperança, o longe era maior que o vento.
O espaço maior que o tempo e as escolhas foram bussolas para o desamor.

Na vida tão acostumada ao cerrado das pernas tortas é tempo de descobrir como navegar.
Um dia sem mar,
 um dia pelo ar,
 dois dias por mim, uma semana sem você.
 Olhar pra cima e ver que o céu é justo e ao me despir de você,
eu que não sei dizer adeus
 ganhei um manto de estrelas que ditam outros rumos de tamanha beleza e liberdade
que se findam em explosões.

Do jeito que você merece
ser eterna como a vida para quem viveu,
charmosa como céu,
 impactante que mesmo sem sair faz estardalhaço ao pedir licença.
Se enfim surge um relativo ao tudo, jamais serei seu nada.
Estanco aqui minha hemorragia de você.


Laís Castro