quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Noite de Primavera


Era Outubro e ainda fazia frio, causava estranheza poder desenhar no vidro com os dedos quentes. A garrafa de vinho se acabou, como sua boca estava sedenta. Os 2 ultimos cigarros, eram sobreviventes no maço. Sem preocupar-se com cabelo ou maquiagem saiu, no pescoço o cachecol. Buscando algum lugar, quem sabe mais quente para assisitir o fim da noite.
Era a hora que mais gostava, estavam sob o sereno apenas os boemios, as putas, e os casais saindo recém satisfeitos de seus motéis de 4 rodas.Cada um assumindo sua essencia medíocre, e era lá, nesse instante que se sentia comum...comum. E era uma ternura lembrar o cheiro de amêndoas, lar. Aconchego.
A rua ia se acabando, e o seu rosto iluminou-se do neon do letreiro, ainda estava aberta a loja de bebidas do Velho Indiano."Boa noite". O velho apenas levantou a sobrancelha esquerda, pequeno sinal de respeito. Ela se voltou a geladeira, pegou o vinho,o maço, e um chocolate.Quando saiu, parou a frente da lata do lixo, viu passar o primeiro ônibus do dia. A noite ia acabando e a ternura de achar tudo tão "amêndoas" passou do mesmo modo.
Voltou pra casa,jogou-se no sofá.Amanhã ainda era dia de trabalho.
O sol entrou esmurrando-lhe a cara, mau humor sentou na sua poltrona. Olhou a janela, vestiu a camiseta. I´LL ROCK YOU. Um chapéu, a boca vermelha e Amanda. Aproximou-se do beco, bateu 3 vezes na porta verde musgo. O negro abriu a porta, identificou-se Victor. Sorriso de canto de boca, mostrou-lhe o olho comprido de Amanda, disparou 3 vezes. Acabou, só ela e fumaça : Amanda e cigarro. No canto do apartamento, O cachorro.Chamou-lhe Saga.Na próxima noite o Velho Indiano lhe venderia um vinho e um biscoito.
A solidão havia finalmente decido pelo Ralo.


Laís Castro

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