E em um dia que não importa o céu.
Você está deitado no meu colo.
Com os olhinhos sorridentes de homem, como daquele cara. E eu enrolo cada mecha porque sei onde coloca-las.
Sei então entrar na tua casa e repintar os sótãos.
Abrir as janelas. NÃO.
Tento trabalhar com as cortinas, ecerar o chão (ainda se faz isso?).
Varro com vassoura de piaçava pelo gosto do Blasé.
Não gosto de café, mas te faço litros.
Gosto do cheiro teu quando encontra a xícara.
Aí deita, para enrolarmos mechas, olhos e lençóis.
Acaba com tudo.
Quem se importa?
Pano se lava, sexo não.
Dos meus segundos de paz suprema, abro os olhos.
E continua não me importar o céu.
Mas nunca estás no meu colo.
Está ao meu lado.
Com uma mão procura uma chave.
Inútil.
Ela está no meu bolso. Enquanto eu remexo a fechadura do portão.
E lá, de mãos dadas, olhando para os lados ...
Quem quer entrar? Quem quer atravessar?
A solidão é tão autodidata.
O amor tão disléxico.
E sempre nos restam 24 horas.
Laís Castro
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